Já se vão 15 anos desde que entrei numa sala de aula pela primeira vez. Foi em fevereiro de 1997 que senti pela primeira vez aquele cheiro de madeira – característico nas carteiras de escolas públicas - de giz e foi também a primeira vez, pelo menos desde que me lembro, que me vi rodeado por pessoas que não conhecia: crianças chorando, professoras ralhando com os alunos de séries mais avançadas.
E naquele turbilhão de coisas novas acontecendo, nem notei que minha mãe já havia me dado os conselhos – aqueles do tipo que se dão para crianças no primeiro dia de aula: não coloque o dedo no nariz, não brigue, não corra... - e ido embora. Apenas me dei conta que estava sem ela, quando a vi já de costas, próxima do portão de saída.
Enquanto meditava se chorava ou corria atrás dela – e para a liberdade da rua, a sineta bateu, as crianças se reuniram desordeiramente em fila indiana e eu me desesperei. Queria a todo custo sair de lá.
Com alguns exageros aqui e outros acolá (nossa, acabei de inventar uma citação agora!) foi mais ou menos assim meu primeiro dia de aula. Claro, não vou me aventurar a relatar minuciosamente como foi a experiência dentro da sala. Por que, pelo menos pra mim, o mais marcante foram esses primeiros contatos com a escola, lá fora, no pátio, antes de entrar na sala e, depois, alguns minutos antes de iniciar a aula.
Quase uma década e meia depois, voltei a sentir como é o primeiro dia de aula. Claro, dessa vez não tive vontade de chorar, nem de correr atrás de minha mãe (algumas atitudes não podem mais ser tomadas depois de certa idade). Dessa vez, meu papel não era o de aprender, mas o de ensinar, ou, pelo menos, tentar.
Os últimos minutos antes de iniciar a 1ª oficina do PIBID do curso de Letras, no Colégio Estadual Doze de Novembro, de Realeza, foram os mais angustiantes de minha vida – mais até do que no meu primeiro dia de aula. Via a sala encher de adolescentes – detalhe: nem quando tinha a idade deles sabia entendê-los. Mas (quem diria?), eles também estavam nervosos com aquela primeira oficina. Assim como eu e minha colega Débora, não sabiam o que esperar daquela “aula inaugural”.
O tema que coube a mim e Débora tratarmos com eles foi “meio ambiente”. Não esperávamos que o assunto provocasse qualquer sentimento nos nossos alunos – que ali cumpriam mais ou menos o papel de cobaia, afinal, parafraseando um famoso político, nunca antes na história do Colégio Doze, da Universidade Federal da Fronteira Sul, do curso de Letras e do Pibid de Letras havia acontecido uma oficina com acadêmicos – em geral, porque adolescente não se preocupa muito com questões ambientais. Ledo engano. Eles não apenas se preocupam, como também sabem da importância de evitar a degradação ambiental.
Com o tempo nós, os acadêmicos/professores e os alunos, já estávamos quase que em perfeita sintonia. Acredito que foi ali, naquela oficina, que despertou, definitivamente, meu gosto pela docência.
Depois vieram outras oficinas. Formei duplas com outros colegas. E descobri inúmeras aptidões dos nossos novos amigos. De cronista e poeta a escritor de contos eróticos.
Embora tenha muita vontade de continuar na docência e lecionar ainda muitas aulas. Aquele primeiro dia de oficina não me vai sair da lembrança.